PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2018







                                                 
1- Introdução



A escuta dota de dignidade tanto os professores como as crianças. Não há nada mais digno para um professor do que se sentir aluno. E não há nada mais digno para a criança do que se sentir escutada e apreciada sem ser julgada. Porém a escuta, para Lóris [Malaguzzi], não pode ser convertida em uma moda ou mera anedota. Significa, como responsabilidade ética, estar disposto a transformar a prática educativa, como consequência da própria escuta. (HOYUELOS, 2009, p. 329 

Pela luta continua de problematizar o papel da escola, transformar a prática educativa e buscar a efetiva escuta da criança para a construção de um espaço democrático, onde todos possam ter voz.








III – Preâmbulo:

 Tendo como premissa a educação pública municipal gratuita, laica, direito da população e dever do poder público, isenta de quaisquer formas de preconceitos e discriminações de sexo, gênero, etnia, cor, social, econômica, credo religioso e político, buscamos construir um espaço democrático de todos e todas. 


A Escola, como espaço coletivo e privilegiado da vivência da infância, tem por fim contribuir para a construção da identidade social e cultural das crianças, para o desenvolvimento das dimensões afetiva, social e cognitiva, como também fortalecer o caráter integrado entre o cuidar e o educar.A Escola Municipal de Educação Infantil Dr. José Augusto César, em suas decisões pedagógicas, procura promover o desenvolvimento das crianças com as quais trabalha, tendo como caminho norteador, a escuta da criança, como o seu efetivo protagonismo na construção do espaço educador.A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 diz que a proposta pedagógica é um documento de referência. Por meio dela, a comunidade escolar exerce sua autonomia financeira, administrativa e pedagógica. Também chamada de projeto pedagógico, projeto político-pedagógico ou projeto educativo, a proposta pedagógica pode ser comparada ao que o educador espanhol Manuel Álvarez chama de "uma pequena Constituição". Nem por isso ela deve ser encarada como um conjunto de normas rígidas. Elaborar esse documento é uma oportunidade para a escola escolher o currículo e organizar o espaço e o tempo de acordo com as necessidades de ensino. Além da LDB, a proposta pedagógica deve considerar as orientações contidas nas diretrizes curriculares elaboradas pelo Conselho Nacional da Educação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Para Álvarez, o ideal é que o documento seja o resultado de reflexão coletiva. Tendo em vista essa orientação, o projeto político pedagógico é construído coletivamente de maneira ampla e continua, assim, conta em seguida uma síntese da concepção de educação infantil atual da unidade e orientações pedagógicas para o planejamento semanal, registros das atividades e elaboração dos projetos educacionais.



- Proposta Curricular:


Prioridades e objetivos educacionais que atendam as necessidades de aprendizagem e desenvolvimento das crianças e as levantadas no estudo de diagnóstico da comunidade
Os últimos 20 anos foram marcados por intensas discussões em torno do papel da Educação Infantil enquanto primeira etapa da Educação Básica. Aliadas a estas discussões, emerge um vasto campo de estudos, pesquisas, publicações e determinações legais que nos encaminham para a configuração do que atualmente compreendemos como Pedagogia da Infância.
Para além dos clássicos Froebel, Dewey, Montessori, Freinet que iniciam o movimento de questionar e desconstruir o modo tradicional de pensar práticas educativas, e de Piaget, Vigotski e Wallon, recorrentes em nossos espaços de formação inicial, como referência do campo da Psicologia, amplia-se a aproximação da Educação com a Sociologia e a Antropologia, configurando novas perspectivas para a área, especificamente para o estudo das infâncias.
Neste sentido, destacamos as pesquisas e contribuições teóricas de Sarmento, Corsaro, Sirota, Prout, Qvortup, dentre outros, que delimitam um aporte teórico da Sociologia da Infância, revelando a pluralidade das infâncias e das várias formas de ser crianças, enquanto construções sócio-históricas, para além da visão universal e desenvolvimentista da Psicologia.
Isto significa romper com saberes que se pautam a partir da perspectiva do adulto , de um paradigma adultocêntrico (Rosemberg, 1976), para construção de aportes que se pautam na observação e na escuta das crianças, em todas suas manifestações expressivas. Assim, estes autores também evidenciam as crianças enquanto componentes estruturais da sociedade, que produzem mudanças nos sistemas em que vivem, produzem cultura, e que, portanto, devem sair da histórica invisibilidade para serem ouvidos enquanto sujeitos sociais e de direitos.
É também importante destacar as contribuições do educador italiano Loris Malaguzzi que constrói uma Pedagogia e um trabalho para e com as crianças pequenas, após a Segunda Guerra Mundial, em Villa Cella, pequeno vilarejo da Reggio Emilia. Com um grupo de pais e mães constrói uma escola fundada na confiança e respeito à produção das culturas infantis, nas suas várias manifestações, nas “cem linguagens da criança”. Dentre suas maiores contribuição, ressalta-se a chamada pedagogia da escuta e a ideia da documentação pedagógica.




(desenho da criança sobre o que queria aprender no parque "subir na árvore") 



(tecido colocado para efetivar a escuta da criança)




No Brasil, temos em Florestan Fernandes, com as Trocinhas do Bom Retiro, na década de 40, o pioneiro trabalho que registra os elementos constitutivos das culturas infantis. Atualmente, os trabalhos de Ana Lucia Gourlat de Faria, Maria Letícia do Nascimento, Maria Carmen Barbosa, Patrícia Prado, Marcia Gobbi, Mônica Pinazza, Daniela Finco, Anete Abramowicz, dentre outros, têm consolidado o campo de saberes que “dialoga” com as construções da Pedagogia da Infância.

E diante deste panorama dos estudos sobre a pedagogia da infância, escuta das crianças e protagonismo infantil, nosso trabalho como educadoras, no planejamento, prática, escuta e registro, torna-se mais uma ferramenta de construção do conhecimento.

Assim, este documento de registro e avaliação do trabalho pedagógico, também é um documento histórico sobre a trajetória dos profissionais da educação pública municipal e registro do caminhar da educação infantil paulistana.



Princípios da Pedagogia da Infância
1. Considerar a criança como principal protagonista da ação educativa;
2. A indissociabilidade do cuidar e educar no fazer pedagógico;
3. Considerar a criança como centro da atenção do Projeto Político Pedagógico;
4. Possibilitar à criança o acesso aos bens culturais, construídos pela humanidade, considerando-a: sujeito de direitos, portadora de história e construtora das culturas infantis;
5. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural das crianças e de suas famílias;
6. Dar destaque ao brincar, a ludicidade e às expressões das crianças na prática pedagógica de construção de todas as dimensões humanas;
7. Considerar a organização do espaço físico e tempo como um dos elementos fundamentais na construção dessa pedagogia;
8. Efetivar propostas que promovam a autonomia e a multiplicidade de experiências;
9. Possibilitar a integração de diferentes idades entre os agrupamentos ou turmas;
10. Ter a arte como fundamento na formação dos (as) profissionais da primeira etapa da Educação Básica;
11. Estabelecer parcerias de participação com as famílias e comunidade;
12. Estender o “espaço educativo” para a rua ou bairro e a cidade;
13. Buscar continuidade educativa da Educação Infantil na direção do Ensino Fundamental.
Unidade EMEI Dr. José Augusto César , após o processo de formação e reflexão da prática durante o ano letivo de 2017, foram elaborados alguns debates e conceitos, para orientar o trabalho para o ano de 2018.




Concepção de educação infantil

A educação infantil é a etapa em que a criança brinca, explora, cria , aprende, interage e recria cultura, tornando-se sujeito ativo da própria formação. As experiências vivenciadas dentro e fora da escola devem ser vistas como propostas de instigar a curiosidade, novos olhares e percepções. Tendo sempre o olhar do adulto, atendo a escuta da criança, suas expressões e falas, construindo um espaço democrático de conhecimento, autonomia e protagonismo.



Concepção de aprendizagem

Tendo em vista que a aprendizagem como um processo, que na educação infantil, envolve o lúdico, a imaginação, a criação, o acolhimento e  a liberdade. Esse processo prevê uma criança protagonista de sua aprendizagem, capaz de produzir conhecimento, analisar seu contexto, elaborar brincadeiras e experiências, construir novas formas de ver o mundo, aprendendo e ensinando com os seus pares.
 
7.2.-Objetivos educacionais:

Promover diversas experiências e aprendizagens diante das diversas linguagens e vivências, elaborar projetos de acordo com o grupo, colaborar para a curiosidade sobre o mundo, pesquisar sobre diversas áreas de conhecimento, estimular as parcerias da família, comunidade e escola, possibilitar a efetiva participação das crianças no processo de aprendizagem, trabalhar com base na escuta e protagonismo das crianças e elaborar um espaço educativo coerente com os princípios da pedagogia da infância.



Escola

Espaço este de intencionalidade educativa, calcada nos valores da autonomia, solidariedade, democracia e responsabilidade, deve orientar o funcionamento organizacional e relacional, preservado e reforçando o papel do(a) professor(a) e dos(as) educadores(as), e tendo o Conselho Pedagógico como responsável direto pela formulação e implantação das práticas pedagógicas que a sustentarão – sempre em consonância com o Projeto Político Pedagógico aprovado pelo Conselho de Escola.




Reconhece-se o papel de educadores(as) a totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras da escola, no âmbito de suas funções específicas. Uma atitude de respeito para com as diferenças culturais, étnicas, de credo e quaisquer outras, de todos e para com todos(as).


Criança


A convicção de cada aluno(a) é único(a), pode e deve permanentemente construir e exercer sua identidade no seio de um coletivo que não a diminua ou apague. A convicção de que toda a criança é capaz de aprender e desenvolver-se, respeitando ritmo e forma próprios, sendo-lhe dadas as condições para que o faça.









Família e comunidade

Parceria fundamental para uma formação integral da criança, que caminha além dos muros da escola.


7.3.-Objetivos desta Unidade Educacional:
   Proporcionar um espaço acolhedor e de socialização para as crianças, atendendo a proposta da educação da pedagogia da infância, do currículo da unidade em consonância com a Base Nacional Comum Curricular e os documentos norteados da educação infantil paulistana.
- Respeitar a expressão da criança, através da escuta, protagonismo e autonomia.
- Dar a garantia de seu bem estar e de sua saúde, possibilitando atividades sobre higiene, nutrição e saúde;
- A garantia de livre expressão, manifestação de sua criação e de seu imaginário;
- Estimular o movimento, o contato com a natureza e a expressão corporal em espaços amplos;
- Propor vivências nas brincadeiras, na teatralidade, na musicalidade, na poesia, na historicidade e nas artes plásticas;
- Desenvolver um olhar individualizado para cada criança, enquanto ser social, sujeito histórico e produtor de cultura.
- Desenvolver um trabalho através de projetos e vivências, construídos democraticamente e processualmente com a turma, promovendo pesquisa e aprofundamento de determinados interesses - seja na arte, música, teatro, natureza, sociedade, história, mídia, cultura, etc;

7.4-Objetivos Pedagógicos:
           Nosso trabalho apresenta como premissa fundamental, promover a Educação Infantil para crianças de quatro a cinco anos de idade, tendo como princípio a construção do conhecimento, num processo autônomo, reflexivo e libertário. Tendo como indispensável, a formação do exercício ativo e crítico da cidadania na vida cultural, política e social de todos os presentes na formação educacional como um todo.
Dadas as particularidades do desenvolvimento da criança nesta faixa etária, a educação infantil cumpre duas funções indissociáveis – educar e cuidar. Em face às especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de quatro a cinco anos, destacamos nos seguintes princípios em nosso trabalho pedagógico:
-   O respeito á dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais,  econômicas, culturais, éticas, religiosas, etc.;
-    O direito das crianças ao brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
-    O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas á expressão, á comunicação, á interação social, ao pensamento, á ética e á estética;
-    A socialização das crianças por meio da sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais;
-     O atendimento aos cuidados essenciais associados á sobrevivência a ao desenvolvimento saudável de sua identidade.
Pretendemos também envolver nossas crianças, funcionários (as), responsáveis e comunidade, na reflexão sistemática do empenho de cada um e do respeito, diante dos diversos papéis vivenciados no contexto escolar e na atuação concreta de cada sujeito, na transformação da realidade social.



7.4.1-Experiências de brincar e imaginar.

Estabelecer uma relação de liberdade e autonomia da criança no espaço educador, em que permita as múltiplas possibilidades do brincar e imaginar, diante da convivência entre seus pares. Além disso, na mediação de conflitos e partilha de experiências, as educadoras promovem um espaço de transmissão da cultura infantil que perpassa as gerações.
Respeitar o tempo da criança nessas vivências, e, estabelecer respeito aos processos do criar e imaginar são a premissa do olhar dos adultos, sobre o acompanhar das crianças e o seu brincar.

7.4.2-Experiências de exploração da linguagem corporal e visual.
         No que se refere às experiências propostas no desenvolvimento motor, corpóreo e cognitivo, na reprodução motora dos movimentos, é promovido às crianças, atividades de exploração e conhecimento de si mesmo e do outro. Entender seu próprio corpo e ele no mundo, traçando reflexões sobre o ser e estar diante do outro. Além de desenvolver as habilidades de ampliação motora, noção espacial, autocontrole, equilíbrio, ritmo, oralidade e desenvolvimento cognitivo como um todo.

7.4.3-Experiências de exploração da linguagem verbal e desenvolvimento do comportamento leitor.
         Elaboram-se espaços de estímulo à comunicação, oralidade e cultura, apresentando a criança, a diversidade cultura que existe diante das linguagens. Instigando a curiosidade e o interesse ao exercício da variabilidade de expressões. Desenvolvendo o comportamento leitor e a autonomia da criança na construção do próprio saber.


7.4.4-Experiências com expressividade das linguagens artísticas (teatro, desenho e cor).
         Promover o espaço educativo, como um local amplo e experiências e desenvolvimento total dos sujeitos, valorizando as expressões artísticas como um todo, é de fundamento básico da unidade educacional. Que conduz, as vivências educativas, com base no eixo do resgate a descoberta e significação do eu e o outro, diante da ampla visão do ser social.


-Projetos Pedagógicos do ano letivo de 2018: (em construção do registro)

Contemplando o estudo coletivo e as orientações de formação pedagógica, desenvolvem-se projetos na unidade educacional, em que se estabelece a premissa de uma formação emancipatória e igualitária para todos, que busca a formação integral dos sujeitos em sua totalidade. Neles incorpora-se a mediação de conflitos, a promoção dos princípios ruptura de qualquer discriminação, exclusão e a realização de um trabalho contundente com o senso de coletividade, respeito e o caminhar condizente com a igualdade social.
 Diante da proposta pedagógica da instituição de educação infantil, em que, deve como objetivo, garantir á criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens. Assim como o direito a proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. Sendo essa criança, sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivência, constrói sua identidade pessoal e coletiva.
Tem sido desenvolvidos projetos para ampliar o olhar das crianças diante do espaço escolar e suas possibilidades, além de entender a si mesmo e o outro no mundo, trazendo referências diversas para a reflexão e produção cultural infantil.



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